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Modelo de análise de texto dissertativo no Enem

Exemplo de redação

(sem título)


O homem ocupa a Terra há milhares de anos. Animais e plantas podem viver algumas dezenas de anos. Por quanto tempo mais ainda habitaremos a Terra? Essas orações demonstram alguns conceitos diferentes de tempo: o tempo histórico, o tempo que vivemos e o tempo futuro. O que é o tempo? Simplificadamente, poderíamos definir tempo como uma noção primitiva própria do Homem, utilizada para prever e descobrir a frequência de alguns fenómenos naturais, como o dia, as estações climáticas e as fases da Lua. Existe também o tempo psicológico, uma noção abstraía e que varia de acordo com a individualidade do ser humano.
Estudar o tempo passado, histórico, significa entender como nossos ancestrais viveram, de que forma eles lidaram com as adversidades de sua época e aprender com eles. Infelizmente, quase nunca temos uma versão neutra e objetiva dos acontecimentos. A história é registrada do ponto de vista dos dominantes, nunca dos dominados. Dessa forma, a classe dominante molda os fatos passados de acordo com seus interesses, muitas vezes distorcendo e omitindo algumas situações.
Grande parte da sociedade não se conscientiza da importância do passado; mas nem por isso deixa de ser um agente histórico de seu tempo. A mentalidade imediatista, que valoriza o tempo presente, considera irrelevante os fatos passados e ufana somente a modernidade e a rapidez das mudanças. Essa é uma forma de pensar preocupante, pois quem não se importa em conhecer e aprender com o passado, tampouco irá se preocupar com o legado para gerações futuras. Interessado nos saltos evolutivos, na rapidez das telecomunicações, nos avanços da Medicina e da energia nuclear, o Homem polui os rios, desmata as florestas, mata animais e destrói sua existência futura.
Taro. Runas. Horóscopo. Búzios. Esses são exemplos de instrumentos usados para tentar prever o futuro, muitas vezes imprevisível. É a imprecisibilidade do tempo futuro que leva o ser humano a ter, muitas vezes, atitudes irresponsáveis e a se alienar no tempo presente. O pensamento humano de que a Terra será sempre habitável, não importando o quanto a agredimos, está errado e, após décadas de poluição e destruição o Homem está tomando consciência disso. É errado pensar que ainda temos muito tempo futuro para corrigir nossos erros, enquanto sociedade, e, por isso, podemos gozar do prazer de destruir, de forma predativa, o nosso habitat em favor da nossa economia.
A sociedade é fruto de uma evolução lenta da qual o homem é o único e principal agente. O tempo e seus diferentes conceitos acompanham essa evolução, podemos até afirmar metaforicamente, que o Homem individualmente é um grão de areia na evolução da sociedade e o tempo é o responsável pelo acúmulo de areia - evolução - no fundo da ampulheta. Não podemos nos pautar em uma única concepção de tempo para vivermos. Devemos olhar para trás, no passado, e aprender com os erros e acertos de nossos antecessores para aproveitarmos o nosso tempo presente da melhor forma possível; mas sem nos esquecer de garantir a sobrevivência das futuras gerações.

Análise da redação


UM OLHAR VARIADO: nesta redação, considerada acima da média pelos avaliadores, o autor defende o ponto de vista de que é necessário observar o passado para não repetir erros e garantir a sobrevivência das gerações futuras. A opinião é fundamentada em um texto bem organizado. Cada parágrafo utiliza um recurso argumentativo principal e corrobora a opinião sob determinado ângulo.

• PRIMEIRO PARÁGRAFO: apresenta as diversas concepções do tema, como solicitado na prova. Vale-se da enumeração para detalhar uma das visões, defendida ao longo do texto: o uso do passado para prever o futuro.

•  SEGUNDO PARÁGRAFO: estabelece uma clara relação de causa e consequência. Afirma que a história é registrada do ponto de vista dos dominantes e, portanto, á frequentemente distorcida.

•  TERCEIRO PARÁGRAFO: desenvolvendo a ideia da relatividade dos registros históricos, o candidato lembra que também a mentalidade imediatista compromete a avaliação do passado e a preparação para o futuro, em mais uma relação de causa e consequência.

• QUARTO PARÁGRAFO: aborda outro aspecto da relação com o tempo - a imprevisibilidade, que o autor grafa como "imprecisibilidade", termo que não existe.

• QUINTO PARÁGRAFO: o homem é comparado a um grão de areia dentro de uma ampulheta, em uma ilustração de sua impotência perante o tempo. A imagem poética conferiu um reforço emotivo à ideia da imprevisibilidade e da necessidade de cuidado com o futuro.

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