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Como fazer uma redação dissertativa no Enem

Veja neste artigo um belo exemplo de redação desenvolvida para uma proposta e redação da Fuvest. ela se assemelha às que são feitas no Enem e você pode treinar em casa para que no dia do exame não tenha nenhuma dificuldade para desenvolver o tema pedido.

(sem título)

Existe, de fato, uma concepção definitiva a respeito do tempo e suas diretrizes? Se, aos olhos de uns, o passar dos dias representa, acima de tudo, a relevância instantânea das coisas, na opinião de outras pessoas o tempo constitui um aparato para a reflexão e aprimoramento, devendo portanto ser enxergado não somente como instrumento de transição, mas também como a mais natural das dinâmicas de aprendizagem do ser humano. Há, ainda, quem busque, em suas vivências, esquecer-se da transitoriedade dos instantes.
É evidente que ao longo do processo de formação histórico-cultural, a base ideológica a respeito da questão temporal sofreu, e sofre, significativas transformações. De épocas remotas aos dias de hoje, parâmetros surgiram com tal força no meio social que induziram mudanças conceituais, como pode ser observado mediante as diferentes facetas atribuídas ao tempo pelos autores dos textos de apoio. De acordo com o depoimento de Herberto Linhares, a inevitabilidade da dinamização das relações humanas, diretamente ligada à modernização progressiva, torna coerente a fragmentação de passado, futuro e presente, enfatizando a vivência instantânea do cotidiano, o historiador Eric Hobsbawn evidencia, por sua vez, a importância do "ontem" na construção de um povo, conglomerado social ou cultura, assim como no aperfeiçoamento individual e coletivo da humanidade. Hobsbawn, entretanto, critica o modo com o qual a história é tratada nos dias de hoje (mero instrumento, por vezes deteriorado em vista de objetivos e aspirações momentâneas).
Deve-se destacar também o ideário explícito por Chico Buarque em sua composição. Malgrado a transitoriedade da vida de cada ser humano, Buarque privilegia a atemporalidade do sentimento e do próprio interior de cada um utilizando-se do amor como exemplo; para o compositor, o tempo é apenas um detalhe, sendo a existência do ser humano uma coisa mais relevante, metafísica, diretamente ligada ao "sentir".
Não se pode deixar de evidenciar a coerência das ideias explícitas nos três textos, os quais são sustentados por argumentos firmes, embora relativamente distanciados, em âmbito filosófico. No entanto, Eric Hobsbawn, em sua dissertação, apresenta uma problemática evidente, não só relativa à contemporaneidade, mas às gerações futuras. O tempo passado, antes de mais nada, deveria ser utilizado de forma construtivista, quer seja na correção de erros, quer seja na aprendizagem mútua. Acima de tudo, o historiador deixa claro que é necessário tratar a dinâmica do tempo de maneira mais uniforme e justa; valiosa, assim, a mais abrangente e viável das concepções de tempo dispostas, na qual passado, presente e futuro têm inter-relações mútuas, estáveis e benéficas.



Análise da redação



ARGUMENTAÇÃO SUPERFICIAL: embora bem avaliada pela banca, a dissertação mostra-se frágil por não explorar a fundo os recursos de argumentação possíveis. O autor descreveu com certa habilidade as três concepções de tempo, mas sem reforçar suas características específicas com exemplos e comparações que aproveitassem um repertório pessoal de conhecimento. Apenas no final, defendeu a concepção histórica de Hobsbawm. Faltaram argumentos consistentes de causa e consequência para fundamentar a tese neste texto dissertativo. Por falar nisso, é este um ótimo exemplo de como fazer redação dissertativa no Enem.

•  PRIMEIRO PARÁGRAFO: nesta enumeração introdutória, as concepções do tempo são apresentadas por meio de três conceitos ligados à coletânea: instantaneidade, aprendizagem e transitoriedade.

• SEGUNDO PARÁGRAFO: o parágrafo é introduzido por uma ideia que sugere causa e consequência, mas não explicita essa relação. Quais "parâmetros" surgiram, e quais "mudanças conceituais" eles causaram? 0 autor então desenvolve os conceitos apresentados por Linhares e Hobsbawm.

•  TERCEIRO PARÁGRAFO: uma enumeração simples ajuda a definir a terceira concepção de tempo, concentrada no conceito da "atemporalidade do sentimento". Ideias como "amor", "interior" e "metafísica" completam a lista.

•  QUARTO PARÁGRAFO: após admitir que as três visões apresentadas são coerentes, opta por defendera concepção histórica. Enumera novamente algumas características dessa concepção e utiliza uma frágil comparação com as outras duas concepções. A de Hobsbawm seria "a mais abrangente e viável".

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