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Como criar um texto do zero



Dominar as técnicas de escrita de textos é um trabalho que exige prática e dedicação. No entanto, conhecer seu lado teórico é muito importante. Abaixo você encontra uma recapitulação desta teoria com 7 simples passos de como fazer uma boa redação dissertativa.

Aplique-a em seu trabalho, mas não se esqueça: você precisará fazer a sua parte, desta forma, escrever.

1 – Simplicidade

Use palavras conhecidas e adequadas. Escreva com simplicidade. Para que se tenha bom domínio, prefira orações curtas. Amarre as orações, organizando as ideologia. Cuidado para não mudar de assunto de repente. Conduza o leitor de maneira tranquila pela ideia de argumentação.

2 – Perspicuidade

O segredo está em não permitir nada subentendido, nem imaginar que o corretor sabe o que você almeja dizer. Evidencie todo o teor da sua escrita. Lembre-se: você está comunicando a sua opinião, falando de suas idéias, narrando um fato. O mais essencial é fazer-se apreender.

3 – Objetividade

Você tem expressar o máximo de conteúdo com o menor número de palavras possíveis. Desse modo não repita princípios, não use palavras demais ou outras coisas que só para aumentem as linhas. Concentre-se no que é realmente necessário para o texto. A busca prévia ajuda a escolher melhor o que se deve utilizar.

4 – Unidade

Não esqueça, o texto deve ter unidade, por mais longo que seja. Você deve traçar uma linha harmônica do começo ao final do artigo. Não deve perder de vista essa trajetória. Por isso, muita atenção no que escreve para não se perder e fugir do assunto. Expulsar o dispensável é um dos caminhos para não se perder. Para não errar, use a seguinte ordem: introdução, argumentação e desfecho da ideia.

5 – Congruência

A conformidade (coesão) entre todas as partes de seu texto, é fator primordial para se escrever muito. É necessário que elas formem um todo. Para isso, é necessário estabelecer uma ordem com o propósito de as ideias se completem e formem o corpo do texto. Explique, mostre as causas e as consequências.

Saiba mais sobre os segredos da redação no vestibular.

Exemplos: Obedecer uma ordem cronológica é um maneira de se ajustar constantemente, ainda que não ser criativa. Nesta linha, parta do por norma geral para o pessoal, do objetivo para o subjetivo, do certo para o abstrato. Use figuras de linguagem com intenção de o artigo fique interessante. As metáforas também enriquecem a redação no caso da narração.

6 – Ênfase

Procure chamar a atenção para o matéria com palavras fortes, cheias de significado, especialmente no início da narrativa. Use o mesmo recurso para realçar trechos essenciais. Uma boa epílogo é precípuo para mostrar a importância do objecto escolhido. Remeter o ledor à teoria inicial é uma boa maneira de tapar o texto.

7 – Leia e Releia

Lembre-se, é fundamental meditar, planejar, redigir e reler seu escrito. Mesmo com todos e cada um dos cuidados, deve ser que você não consiga se expressar de forma clara e concisa. A pressa pode atrapalhar. Com calma, verifique se os períodos não ficaram longos, obscuros. Veja se você não repetiu palavras e ideias. À proporção que você relê o texto, essas falhas aparecem, até, falhas de ortografia e acentuação.

Não se apegue ao escrito. Refaça se for preciso. Não tenha preguiça, passe tudo a limpo quantas vezes forem precisas. No computador, esta tarefa se torna mais fácil. Faça sempre uma cópia do artigo original. De forma você se sentirá à vontade para emendar quanto quiser, porque sabe que constantemente poderá regressar atrás.
Vídeo – Como fazer uma boa redação no vestibular ( http://southkoreangrandprix.com/video ):

Veja também:

  • Como fazer a introdução da redação
  • Como fazer a conclusão da redação
  • Desenvolvimento da redação
  • Estrutura de uma Redação
  • Os 10 Pecados em uma Redação
  • A Redação do Enem


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Sugestão de atividade prática

Descritivização da Narração

A técnica de descritivizar a narração, isto é, de acrescentar às frases narrativas as descrições de personagens, tempo, lugar etc, pode exemplificar a funcionalidade da descrição no processo de elaboração desse tipo de texto.

Exemplo:

Dada uma frase narrativa - Um homem atravessou a rua - vamos sugerir algumas possibilidades de descritivização, em função de alguns tipos de enredo:

Possibilidades de descritivização:

a) Para criar uma narrativa de suspense:

Um estranho homem de palavras rudes e barba por fazer, tremendo de frio ou de medo, atravessou aquela rua deserta, onde há muitos anos atrás houvera um crime nunca desvendado...

b) para criar uma narrativa lírico-amorosa:

Um belo homem vestido de terno preto e sapatos de verniz, com o olhar enfim apaziguado de procurá-la por toda a parte, atravessou como se dançasse aquela rua movimentada em frente à catedral, onde uma nuvem ou sonho ou aparição o esperava...

c) para criar uma narrativa fantástica:

Um homem de cabeça desproporcionalmente avantajada em relação ao resto do corpo e de pés virados para trás atravessou com tal rapidez aquela rua larga, esfumaçada, como que aérea, que não se sabe se é ilusão de ótica ou de se fato algo aconteceu...

d) Para criar um relato objetivo:

O cliente esteve no escritório no dia 01 de abril, às 15:15 hs. Era um homem idoso, devia ter entre 65 e 70 anos. Após esperar por mais de duas horas a sua vez de ser atendido, sem qualquer reclamação saiu de lá e atravessou rapidamente a rua Teodoro Sampaio, caminhando em direção à loja de nosso conhecido concorrente, que fica a apenas cem metros de distância...



Comentários

Repare na adequação da escolha dos elementos descritivos, tendo em vista o tipo de enredo em questão. Perceba que no último exemplo, a preocupação com a exatidão e com a fidelidade ao real, isto é, com os dados objetivos, não suprime a expressividade do parágrafo.

Para realizar esta proposta, que facilita a criação de bons textos, enriquecendo-os com elementos descritivos, crie uma frase narrativa e pergunte-se, a partir da modalidade de narração que lhe interessa desenvolver, e também do objetivo e do ponto de vista com que o fará: como é o homem? Como é a rua? Como ele a atravessa? Etc...

A descrição no texto narrativo

A descrição costuma ser utilizada como um importante recurso do texto narrativo, na medida em que a caracterização física e/ou psicológica de personagens, do espaço, do tempo etc, pode enriquecê-lo por meio de detalhes expressivos, que prendem o leitor à história que está sendo contada.

Assim, os elementos descritivos auxiliam na montagem de um conflito, seja através de personagens cujas características são contrastantes, seja através de ambientes reveladores de seus traços determinantes para a construção da trama narrativa.

Tais elementos podem estar no início de uma história - para a criação do "clima", da "atmosfera" -, no seu momento mais importante - o clímax, o ponto culminante -, ou mesmo no desfecho. Sua colocação depende da intenção do narrador, dos efeitos que quer causar com o que narra.

Leitura Comentada



Revelação no espelho

O vento soprava forte. Era quase um tufão. Ou talvez um tornado, pois suas rajadas concentradas agiam com mais violência num raio de poucos metros. Apavorada, ela buscou abrigo, colando-se à reentrância de uma porta de garagem. Tremia. Tinha a sensação de que aquele vento era uma manifestação do Mal. E pior: que contra ela se dirigia. Enquanto o vento lhe chicoteava as pemas, tirou da bolsa um pequeno espelho para, através dele, espiar a rua sem sair , de trás da coluna. E teve a confirmação. A imagem, no espelho, era de calmaria. O vento era mesmo assombrado.

(Heloísa Seixas - Contos Mínimos, Folha de São Paulo -19/03/98)

Comentários

Repare que o narrador desta micro-história cria um enredo de suspense, utilizando-se de elementos descritivos para fazê-lo.

A protagonista se apavora diante de um vento, um tornado ou um tufão que, de tão violento, lhe chega a parecer uma manifestação do Mal. Entretanto, no desfecho percebemos que ela acertadamente o julgara assombrado... o que é mostrado ao leitor pelo contraste entre elementos táteis, descrevendo as sensações imaginárias (Enquanto o vento Ihe chicoteava as pernas...), e elementos visuais, descrevendo as sensações reais (E teve a confirmação. A imagem, no espelho, era de calmaria.)

Assim, a presença da descritividade na montagem desta história dá-lhe grande força expressiva e isso contribui para termos um bom texto escrito.

Análise de texto sobre Lispector

Você sabe como usar figuras de linguagem na redação e a partir disso fazer a exploração de sinestesia? Neste artigo falarei um pouco sobre isso. Acompanhe-me.
JOANA lembrou-se de repente, sem aviso prévio, dela mesma em pé no topo da escadaria. Não sabia se alguma vez estivera no alto de uma escada. Os reflexos úmidos das lâmpadas sobre os espelhos, os broches das damas e as fivelas dos cintos dos homens comunicavam-se a intervalos com o lustre, por delgados raios de luz. Ora quente, ora fria, essa luz a percorrida por seus longos músculos inteiros. (...) Ela estava sentada, numa espera distraída e vaga. Respirava opressa o perfume roxo e frio das imagens.
(Clarice Lispector - Perto do Coração Selvagem - Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1986 - texto adaptado)




Comentários

Observe que os sentidos se embaralham, se confundem (reflexos úmidos das lâmpadas; ora quente, ora fria, essa luz a percorria... visão e tato; Respirava opressa o perfume roxo e frio das imagens... olfato, visão e tato).

Ao permitir tal construção descritiva, a sinestesia dá pluralidade semântica ao texto, que no caso deste exemplo ao mesmo tempo está caracterizando ambiente exterior e mundo interior, o primeiro em função do segundo, o que enriquece de conotações simultaneamente sensoriais e emotivas o momento lembrado. Você pode aprender mais clicando aqui.

Exemplo de redação sobre a relação entre tempo e história

Nesta atividade você verá um bom exemplo de desenvolvimento de texto dissertativo no vestibular. Com este exemplo de redação você poderá treinar bem a escrita e os recursos argumentativos tão válidos no texto dissertativo do Enem, por exemplo. Para saber bem mais sobre como fazer a redação no Enem com o Missão Enem, clique aqui.



Inexorável relação entre tempo e história

A abstração e a imprecisão do conceito de tempo permitem que várias interpretações e análises acerca do mesmo sejam apresentadas. Entretanto, é relevante observar que todas elas são específicas, dirigidas a determinados aspectos, dada a abrangendo do tema e a impossibilidade de abordá-lo densa e convincentemente em sua totalidade. Uma importante concepção do tempo, abordada por Herberto Linhares, é a de que o tempo resume-se ao presente, de modo que os acontecimentos contemporâneos independem de um contexto histórico anterior. Já a abordagem poética do tema é bastante diferente desta última, para Chico Buarque, por exemplo, independentemente do tempo decorrido, há sentimentos e aspectos humanos que são eternos, sobre os quais o tempo não age. Além dessas interpretações possíveis, há aqueles que compreendem o tempo historicamente, isto é, através do contexto histórico é possível entender racionalmente não só uma determinada época, mas o planeta, a política e a economia.
Antes de mais nada é importante analisar brevemente duas importantes relações com a passagem do tempo. Primeiramente a concepção mais hedonista de Herberto Linhares, que expõe um pensamento exclusivamente voltado para o presente, ignorando tendências históricas passadas e preconizando um progresso pautado nas descobertas diárias, isto é, trata-se da ontologização do presente, também apresentada pelo pragmático filósofo Karl Marx em: "A verdade é temporal", afirmação que deixa claro o ponto de vista de que o contemporâneo determina paradigmas, comportamentos e acontecimentos. Já a concepção poética do tempo, apesar de atribuir ao mesmo o poder de modificar a história (ascenção e queda de civilizações) é incapaz de transformar sentimentos e aspectos humanos.
Além de tais interpretações, importantes historiadores consideram que nossa sociedade, profundamente influenciada pelo pensamento socrático, cartesiano e positivista, ontologizou a razão, de modo a tornar-se exacerbadamente tecnocrática, tentando, por exemplo, resolver problemas sociais por meios não-sociais, como diriam Max Horkheimer e Theodor Adorno. Para Eric Hobsbawn, o tempo, a época, os aspectos comportamentais da sociedade estão, certamente, relacionados à história e, sob esse inteligente prisma de análise, a mesma mostra-se indispensável na compreensão do tempo. Esse pensamento é, certamente, racional e bastante interessante para explicar o tempo.
É, portanto, plausível ponderar que o tema da temporalidade, embora abstrato e vasto, pode ser abordado de forma racional sob diferentes pontos de vista, sejam eles hedonista, poético ou histórico. Dentre tais concepções, aquela que relaciona a passagem do tempo à história mostra-se interessante e profunda, a medida que considera que a análise de períodos anteriores é indispensável à compreensão da época, do mundo, da política, da economia e da cultura, discutindo, assim, o conceito "tempo".

Análise da redação

O VALOR DAS IDEIAS BEM APRESENTADAS: a redação destaca-se pela clareza das ideias e da argumentação. A habilidade na construção de conceitos e a riqueza das exemplificações, evidenciando um bom repertório do candidato, facilitaram o cumprimento da proposta.

• PRIMEIRO PARÁGRAFO: o autor recorreu a uma enumeração exemplar das três concepções de tempo. Note-se a construção clara e coerente dos conceitos enumerados:

1 - "o tempo resume-se ao presente, de modo que os acontecimentos contemporâneos independem de um contexto histórico anterior".

2 - "independentemente do tempo decorrido, há sentimentos e aspectos humanos que são eternos".

3 - "através do contexto histórico é possível entender racionalmente não só uma determinada época, mas o planeta, a política e a economia".

• SEGUNDO PARÁGRAFO: o autor entra em terreno complexo e arriscado ao associar a "concepção mais hedonista" de Linhares a conceitos utilizados por Karl Marx.

• TERCEIRO PARÁGRAFO: volta a fazer uso da exemplificação, citando vários conceitos filosóficos. Novamente, entra em terreno complexo, pois a quantidade de ideias envolvidas é grande e essas não poderiam ser aprofundadas.

• QUARTO PARÁGRAFO: embora não rejeite os outros pontos de vista, defende a concepção histórica por seu caráter "interessante e profundo", valendo-se de uma enumeração para fundamentara preferência: "indispensável à compreensão da época, do mundo, da política, da economia e da cultura".

Modelo de análise de texto dissertativo no Enem

Exemplo de redação

(sem título)


O homem ocupa a Terra há milhares de anos. Animais e plantas podem viver algumas dezenas de anos. Por quanto tempo mais ainda habitaremos a Terra? Essas orações demonstram alguns conceitos diferentes de tempo: o tempo histórico, o tempo que vivemos e o tempo futuro. O que é o tempo? Simplificadamente, poderíamos definir tempo como uma noção primitiva própria do Homem, utilizada para prever e descobrir a frequência de alguns fenómenos naturais, como o dia, as estações climáticas e as fases da Lua. Existe também o tempo psicológico, uma noção abstraía e que varia de acordo com a individualidade do ser humano.
Estudar o tempo passado, histórico, significa entender como nossos ancestrais viveram, de que forma eles lidaram com as adversidades de sua época e aprender com eles. Infelizmente, quase nunca temos uma versão neutra e objetiva dos acontecimentos. A história é registrada do ponto de vista dos dominantes, nunca dos dominados. Dessa forma, a classe dominante molda os fatos passados de acordo com seus interesses, muitas vezes distorcendo e omitindo algumas situações.
Grande parte da sociedade não se conscientiza da importância do passado; mas nem por isso deixa de ser um agente histórico de seu tempo. A mentalidade imediatista, que valoriza o tempo presente, considera irrelevante os fatos passados e ufana somente a modernidade e a rapidez das mudanças. Essa é uma forma de pensar preocupante, pois quem não se importa em conhecer e aprender com o passado, tampouco irá se preocupar com o legado para gerações futuras. Interessado nos saltos evolutivos, na rapidez das telecomunicações, nos avanços da Medicina e da energia nuclear, o Homem polui os rios, desmata as florestas, mata animais e destrói sua existência futura.
Taro. Runas. Horóscopo. Búzios. Esses são exemplos de instrumentos usados para tentar prever o futuro, muitas vezes imprevisível. É a imprecisibilidade do tempo futuro que leva o ser humano a ter, muitas vezes, atitudes irresponsáveis e a se alienar no tempo presente. O pensamento humano de que a Terra será sempre habitável, não importando o quanto a agredimos, está errado e, após décadas de poluição e destruição o Homem está tomando consciência disso. É errado pensar que ainda temos muito tempo futuro para corrigir nossos erros, enquanto sociedade, e, por isso, podemos gozar do prazer de destruir, de forma predativa, o nosso habitat em favor da nossa economia.
A sociedade é fruto de uma evolução lenta da qual o homem é o único e principal agente. O tempo e seus diferentes conceitos acompanham essa evolução, podemos até afirmar metaforicamente, que o Homem individualmente é um grão de areia na evolução da sociedade e o tempo é o responsável pelo acúmulo de areia - evolução - no fundo da ampulheta. Não podemos nos pautar em uma única concepção de tempo para vivermos. Devemos olhar para trás, no passado, e aprender com os erros e acertos de nossos antecessores para aproveitarmos o nosso tempo presente da melhor forma possível; mas sem nos esquecer de garantir a sobrevivência das futuras gerações.

Análise da redação


UM OLHAR VARIADO: nesta redação, considerada acima da média pelos avaliadores, o autor defende o ponto de vista de que é necessário observar o passado para não repetir erros e garantir a sobrevivência das gerações futuras. A opinião é fundamentada em um texto bem organizado. Cada parágrafo utiliza um recurso argumentativo principal e corrobora a opinião sob determinado ângulo.

• PRIMEIRO PARÁGRAFO: apresenta as diversas concepções do tema, como solicitado na prova. Vale-se da enumeração para detalhar uma das visões, defendida ao longo do texto: o uso do passado para prever o futuro.

•  SEGUNDO PARÁGRAFO: estabelece uma clara relação de causa e consequência. Afirma que a história é registrada do ponto de vista dos dominantes e, portanto, á frequentemente distorcida.

•  TERCEIRO PARÁGRAFO: desenvolvendo a ideia da relatividade dos registros históricos, o candidato lembra que também a mentalidade imediatista compromete a avaliação do passado e a preparação para o futuro, em mais uma relação de causa e consequência.

• QUARTO PARÁGRAFO: aborda outro aspecto da relação com o tempo - a imprevisibilidade, que o autor grafa como "imprecisibilidade", termo que não existe.

• QUINTO PARÁGRAFO: o homem é comparado a um grão de areia dentro de uma ampulheta, em uma ilustração de sua impotência perante o tempo. A imagem poética conferiu um reforço emotivo à ideia da imprevisibilidade e da necessidade de cuidado com o futuro.

Como fazer uma redação dissertativa no Enem

Veja neste artigo um belo exemplo de redação desenvolvida para uma proposta e redação da Fuvest. ela se assemelha às que são feitas no Enem e você pode treinar em casa para que no dia do exame não tenha nenhuma dificuldade para desenvolver o tema pedido.

(sem título)

Existe, de fato, uma concepção definitiva a respeito do tempo e suas diretrizes? Se, aos olhos de uns, o passar dos dias representa, acima de tudo, a relevância instantânea das coisas, na opinião de outras pessoas o tempo constitui um aparato para a reflexão e aprimoramento, devendo portanto ser enxergado não somente como instrumento de transição, mas também como a mais natural das dinâmicas de aprendizagem do ser humano. Há, ainda, quem busque, em suas vivências, esquecer-se da transitoriedade dos instantes.
É evidente que ao longo do processo de formação histórico-cultural, a base ideológica a respeito da questão temporal sofreu, e sofre, significativas transformações. De épocas remotas aos dias de hoje, parâmetros surgiram com tal força no meio social que induziram mudanças conceituais, como pode ser observado mediante as diferentes facetas atribuídas ao tempo pelos autores dos textos de apoio. De acordo com o depoimento de Herberto Linhares, a inevitabilidade da dinamização das relações humanas, diretamente ligada à modernização progressiva, torna coerente a fragmentação de passado, futuro e presente, enfatizando a vivência instantânea do cotidiano, o historiador Eric Hobsbawn evidencia, por sua vez, a importância do "ontem" na construção de um povo, conglomerado social ou cultura, assim como no aperfeiçoamento individual e coletivo da humanidade. Hobsbawn, entretanto, critica o modo com o qual a história é tratada nos dias de hoje (mero instrumento, por vezes deteriorado em vista de objetivos e aspirações momentâneas).
Deve-se destacar também o ideário explícito por Chico Buarque em sua composição. Malgrado a transitoriedade da vida de cada ser humano, Buarque privilegia a atemporalidade do sentimento e do próprio interior de cada um utilizando-se do amor como exemplo; para o compositor, o tempo é apenas um detalhe, sendo a existência do ser humano uma coisa mais relevante, metafísica, diretamente ligada ao "sentir".
Não se pode deixar de evidenciar a coerência das ideias explícitas nos três textos, os quais são sustentados por argumentos firmes, embora relativamente distanciados, em âmbito filosófico. No entanto, Eric Hobsbawn, em sua dissertação, apresenta uma problemática evidente, não só relativa à contemporaneidade, mas às gerações futuras. O tempo passado, antes de mais nada, deveria ser utilizado de forma construtivista, quer seja na correção de erros, quer seja na aprendizagem mútua. Acima de tudo, o historiador deixa claro que é necessário tratar a dinâmica do tempo de maneira mais uniforme e justa; valiosa, assim, a mais abrangente e viável das concepções de tempo dispostas, na qual passado, presente e futuro têm inter-relações mútuas, estáveis e benéficas.



Análise da redação



ARGUMENTAÇÃO SUPERFICIAL: embora bem avaliada pela banca, a dissertação mostra-se frágil por não explorar a fundo os recursos de argumentação possíveis. O autor descreveu com certa habilidade as três concepções de tempo, mas sem reforçar suas características específicas com exemplos e comparações que aproveitassem um repertório pessoal de conhecimento. Apenas no final, defendeu a concepção histórica de Hobsbawm. Faltaram argumentos consistentes de causa e consequência para fundamentar a tese neste texto dissertativo. Por falar nisso, é este um ótimo exemplo de como fazer redação dissertativa no Enem.

•  PRIMEIRO PARÁGRAFO: nesta enumeração introdutória, as concepções do tempo são apresentadas por meio de três conceitos ligados à coletânea: instantaneidade, aprendizagem e transitoriedade.

• SEGUNDO PARÁGRAFO: o parágrafo é introduzido por uma ideia que sugere causa e consequência, mas não explicita essa relação. Quais "parâmetros" surgiram, e quais "mudanças conceituais" eles causaram? 0 autor então desenvolve os conceitos apresentados por Linhares e Hobsbawm.

•  TERCEIRO PARÁGRAFO: uma enumeração simples ajuda a definir a terceira concepção de tempo, concentrada no conceito da "atemporalidade do sentimento". Ideias como "amor", "interior" e "metafísica" completam a lista.

•  QUARTO PARÁGRAFO: após admitir que as três visões apresentadas são coerentes, opta por defendera concepção histórica. Enumera novamente algumas características dessa concepção e utiliza uma frágil comparação com as outras duas concepções. A de Hobsbawm seria "a mais abrangente e viável".

Análise de redação dissertativa da Unicamp

Este é um Exemplo de redação que você usará para desenvolver seus textos enquanto estuda para o Enem. O vestibular e o Enem fazem sempre uso do texto dissertativo porque é aquele que exige do candidato um posicionamento crítico e fundamentação.



Saudáveis divergências

Claramente um dos maiores fatores que propiciaram a sociedade humana atingir a complexidade que possui atualmente foi o acúmulo de conhecimento transmitido entre as diversas gerações. Todavia, é necessário notar que o contato entre os diferentes valores nem sempre dá-se de maneira amistosa, gerando conflitos e contestações que, de certa forma, contribuem para o desenvolvimento da estrutura social como um todo.
Nesse processo, é preciso salientar a importância da Revolução Industriai na estrutura cultural do homem, até porque foi principalmente a partir dela que as transformações entre as gerações passaram a ser mais dinamizadas e o conceito de modernidade levou os valores mais antigos, antes sinónimo de sabedoria, a sofrerem certa aversão e a serem vistos como retrógrados. Nisso resultou, de forma consistente, as raízes dos conflitos constantes que as gerações subsequentes enfrentaram nas suas relações, principalmente no que tange às questões comportamentais. É nítido perceber esse acontecimento atualmente, na qual a geração mais recente, que vive em um meio de maior liberdade, rotula a geração dos pais de ultrapassada quando, estes últimos, impõem-lhes regras a serem seguidas, resultando em insatisfações de ambas as partes. O interessante, porém, é que esses conflitos intergeracionais, ao contrário do que muitos acreditam, não fragilizam o tecido social, mas o fortalece e desenvolve, na medida em que, dessas contestações, é que novos conceitos sociais vão surgindo, ampliando e dinamizando as relações humanas.
Todavia, o contato entre as gerações não gera unicamente conflitos. Em muitos momentos, a troca de conhecimento entre elas é tão benéfica que possibilita a ambas vivenciar diversas maneiras de pensar e agir, e dessa forma, aprimorar e renovar as visões de um mundo que cada um possui. Um bom exemplo dessa troca de valores é o mundo virtual: muitos da geração passada o desconhecem e muitos da geração atual, em decorrência do uso excessivo, acabam tendo dificuldades nas relações sociais diretas. Assim, o contato entre elas é extremamente recompensador: os mais antigos conhecem um mundo mais dinâmico e ampliam suas experiências. Já os mais novos, recuperam os valores de companheirismo mútuo e de coletividade tão presentes na geração anterior, e, de certa forma, rompem o comportamento individualista que predomina na atual geração.
Constata-se, assim, o quão importante é a coexistência entre os valores das gerações uma vez que eles podem se compartilhar e cooperar uns com os outros. (Fonte: Unicamp)

Análise da redação

É bem importante que você aprenda a fazer um texto dissertativo com os modelos que publicamos aqui. Procure guardar estas dicas de como escrever uma redação no Enem e aplique estas técnicas nas diversas propostas que estamos publicando aqui no site.

RECORTE TEMÁTICO: apesar de valer-se de um lugar-comum nas dissertações, que é o de marcar historicamente o "início de tudo" com a Revolução Industrial, o texto estabelece de forma apropriada o corte pré-revolução/pós-revolução: a rapidez das mudanças e a concomitância de um volume de diferenças muito maior no tempo e no espaço. De forma produtiva, o texto atende ao recorte temático e às suas instruções mostrando que há muitas outras formas de convívio entre as gerações, sem cair na visão romanceada de que o conflito não existe. Nesse sentido, o texto explora muito bem as relações suscitadas pela leitura da coletânea, fazendo um uso mais particular e direto dos excertos 1,2, 3 e 6.

ARTICULAÇÃO: o candidato valeu-se de uma estrutura comum: quatro parágrafos - um para introdução, dois para o desenvolvimento e um para a conclusão - bem articulados com o uso adequado de conjunções: a conjunção todavia introduziu novas ideias no terceiro parágrafo e a conjunção assim estabeleceu ideia de conclusão no último parágrafo. (Com comentários da banca examinadora da Comvest - Unicamp 2010)

Como fazer uma redação dissertativa - Unicamp

Nesta proposta de redação que foi usada e adaptada da Unicamp é um belo exemplo de texto que pode ser usado nas atividades das aulas de Português do Ensino Médio. Você pode usar também para que verifique como está sua prática de produção de textos. O fato é que você precisa desenvolver corretamente a proposta para que esteja bem treinado na hora do vestibular.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir do advento do computador, as empresas se reorganizaram rapidamente nos moldes exigidos por essa nova ferramenta de gestão. As organizações procuraram avidamente os "quadros técnicos" e os encontraram na quantidade demandada. Os primeiros quadros "bem formados" tiveram em geral carreiras fulminantes. Suas trajetórias pessoais foram tomadas como referência pelos executivos mais jovens. Aqueles "grandes executivos" foram considerados portadores de uma "visão de conjunto"dos problemas empresariais, que os colocava no campo superior da "administração estratégica" enquanto o principal atributo da nova geração passa a ser a contemporaneidade tecnológica. Os constrangimentos advindos do choque gera-cional encarregaram-se de fazer esses "jovens" encarnarem essa característica, dando a esse trunfo a maior rentabilidade possível. Assim, exacerbaram-se as diferenças entre os recém-chegados e os antigos ocupantes dos cargos. No plano simbólico, toda a ética construída nas carreiras autodidatas é posta em xeque no conflito que opõe a técnica dos novos executivos contra a lealdade dos antigos funcionários que, no mais das vezes, perdem até a capacidade de expressar o seu descontentamento, tamanha é a violência simbólica posta em marcha no processo, que não se trava simplesmente em cada ambiente organizacional isolado, mas se generaliza.

Ao longo da década de 1990, a renda das famílias brasileiras com filhos pequenos deteriorou-se com relação à das famílias de idosos. Ao mesmo tempo, há crescentes evidências de que os idosos aumentaram sua responsabilidade pela provisão económica de seus filhos adultos e netos.

(Ana Maria Goldani, "Relações intergeracionais e reconstrução do estado de bem-estar. Por que se deve repensar essa relação para o Brasil", pp. 211).

As relações intergeracionais permitem a transformação e a reconstrução da tradição no espaço dos grupos sociais. A transmissão dos saberes não é linear; ambas as gerações possuem sabedorias que podem ser desconhecidas para a outra geração, e a troca de saberes possibilita vivenciar diversos modos de pensar, de agir e de sentir e, assim, renovar as opiniões e visões acerca do mundo e das pessoas. As gerações se renovam e se transformam reciprocamente, em um movimento constante de construção e desconstrução.

(Adaptado de Maria Clotilde B. N. M. de Carvalho, "Diálogo intergeracional entre idosos e crianças". Rio de Janeiro. PUC-RJ, 2007, p 52.)



Orientações:

1. Discuta formas pelas quais se estabelecem as relações entre as gerações.
2. Argumente no sentido de mostrar que essas diferentes formas coexistem.
3. Trabalhe seus argumentos de modo a sustentar seu ponto de vista.
4. O texto deve ser escrito de acordo com a norma pad rão escrita e ter entre 25 e 30 linhas.

Redação do Enem - Proposta sobre relações entre gerações

Leia a coletânea e elabore um texto dissertativo-argumentativo a partir do seguinte recorte temático:
A relação entre gerações é frequentemente caracterizada pelo conflito. Entretanto, há outras formas de relacionamento que podem ganhar novos contornos em decorrência de mudanças sociais, tecnológicas, políticas e culturais.

Para o sociólogo húngaro Karl Mannheim, a geração consiste em um grupo de pessoas nascidas na mesma época, que viveram os mesmos acontecimentos sociais durante a sua formação e crescimento e que partilham a mesma experiência histórica, sendo esta significativa para todo o grupo. Estes fatores dão origem a uma consciência comum, que permanece ao longo do respectivo curso de vida. A interação de uma geração mais nova com as precedentes origina tensões potencializadoras de mudança social. O conceito que aqui está patente atribui à geração uma forte identidade histórica, visível quando nos referimos, por exemplo, à "geração do pós-guerra". O conceito de "geração" impõe a consideração da complexidade dos fatores de estratificação social e da convergência sincrônica de todos eles; a geração não dilui os efeitos de classe, de género ou de raça na caracterização das posições sociais, mas conjuga-se com eles, numa relação que não é meramente aditiva nem complementar, antes se exerce na sua especificidade, ativando ou desativando parcialmente esses efeitos.

Caso queria saber mais sobre como fazer um texto dissertativo no Enem, visite nossas indicações. É importante entender as técnicas e preparar um bom plano de texto de forma que o trabalho seja facilitado ao longo do curso Missão Enem.